nessa manhã chorosa de frio e fina garoa, lembrei outras chuvas passadas e as trouxe vivas neste post…
aqui da janela de minha casa olho sua chuva cair.
as gotas estouram na calçada e salpicam apressadas meias e sapatos.
são tantos os respingos, que parece chover ao contrário!
dançamos tentando nos cobrir e escapar secos,
ilesos,
imaculados.
entre passos em fuga contemplo mundos particulares intransponíveis,
alheios: os enxergo andando embaixo de folhas de jornal, dos casacos ensopados…
quando se abre um guarda chuva, é um mundo que se abre.
eu vejo, tímidos espiarem de soslaio,
e segurando a respiração espremem-se pela fenda aberta e adentram seus esconderijos secretos.
ainda ouço o alívio do corpo que se liberta ocupando todo o espaço.
cada um em seu refúgio íntimo,
refrescante em sua ingenuidade.
cada um em sua total solidão.